O Parque Nacional das Araucárias (PNA) está situado entre os municípios de Passos Maia e Ponte Serrada, no oeste do estado de Santa Catarina, sendo uma das últimas áreas preservadas da Floresta de Araucária, característica do Bioma da Mata Atlântica. O parque abriga uma diversidade de espécies animais. No entanto, o desmatamento e a retirada ilegal de animais da região levaram o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) à extinção local na década de 80. Atualmente, essa espécie está classificada como “Em Perigo” pela IUCN, representando um símbolo da Floresta de Araucária, que agora conta com apenas 2% de sua cobertura original.

O papagaio-de-peito-roxo é frequentemente alvo do tráfico ilegal de animais, devido à sua beleza e características únicas, como as penas roxas no peito e penas vermelhas na parte superior do bico. Sua reprodução ocorre entre agosto e janeiro, após o período de temperaturas baixas e a queda de pinhões, as sementes das araucárias que servem de alimento para diversas espécies durante o inverno.

Para reverter a extinção local dessa espécie, iniciou-se em 2010 um projeto de reintrodução no PNA. O projeto visa reabilitar, soltar e monitorar os papagaios provenientes do tráfico ilegal, entregas voluntárias, resgates e nascidos em zoológicos e criadouros de fauna.

Após avaliação de saúde e capacidade de voo, os papagaios passam por treinamento comportamental para se adaptarem à vida na natureza. Em seguida, são identificados, equipados com dispositivos de monitoramento e transferidos para um viveiro dentro do PNA para adaptação. O viveiro é gradualmente aberto durante o dia para que os papagaios se acostumem ao ambiente natural, enquanto são monitorados pela equipe e por cidadãos cientistas.

Além das ações de reintrodução, o projeto realiza atividades de educação ambiental e oferece oportunidades de emprego e renda para as mulheres das comunidades locais. Também contribui para a produção de conhecimento científico sobre o papagaio-de-peito-roxo e a reintrodução de animais silvestres, resultando em publicações em congressos e artigos científicos.

​Até o momento, cerca de 250 papagaios atenderam aos critérios sanitários, comportamentais e genéticos, e conquistaram a liberdade!