Projeto de reintrodução de felinos na Ilha de Santa Catarina
A Ilha de Santa Catarina (ISC), localizada no sul do Brasil, é a maior ilha continental coberta por Mata Atlântica, mas ao longo dos anos, sofreu uma redução significativa em sua biodiversidade, incluindo a perda de grandes e pequenos felinos, como levantado pelo Projeto Fauna Floripa. A ausência desses predadores rompeu o equilíbrio natural, afetando o controle de espécies nativas e invasoras, como os saguis.
Apesar da urbanização, cerca de 41% da área terrestre da ISC é composta por áreas de conservação. No entanto, o isolamento e os impactos humanos dificultam a migração de animais entre a ilha e o continente. Para restaurar esse equilíbrio, uma solução promissora é a reintrodução de espécies nativas.
O Programa Silvestres SC, com o apoio da Panthera através do Fundo de Ação para Pequenos Gatos, está avaliando a viabilidade de reintroduzir duas potenciais espécies de pequenos felinos localmente extintos: o gato-do-mato-do-sul (Leopardus guttulus) e gato-maracajá (Leopardus wiedii) . O programa irá avaliar a adequabilidade das áreas para reintrodução de cada espécie, considerando a presença de presas, a existência de espécies raras, e a presença de gatos domésticos e ferais, em conjunto da participação de discussão com especialistas e levantamento de indivíduos fontes.
Além disso, o projeto inclui ações de sensibilização com as comunidades locais, desmistificando conflitos e promovendo a segurança e a coexistência com esses animais.
Com o apoio de diversas parcerias, o Instituto Fauna Brasil está desenvolvendo um projeto piloto pioneiro no Brasil, que não só para recuperar a saúde do ecossistema local, mas também servir como exemplo inspirador para iniciativas ambientais em todo o país.
Conheça as Espécies Alvo
O projeto foca na avaliação de viabilidade para reintrodução de duas espécies prioritárias de pequenos felinos: o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus) e o gato-maracajá (Leopardus wiedii). Ambas são nativas da Mata Atlântica e desempenham papéis cruciais no equilíbrio ecológico, especialmente no controle de populações de presas e na manutenção da saúde dos ecossistemas.
Essa abordagem escalonada garante que as ações sejam seguras, planejadas e eficazes, alinhando ciência e conservação com a realidade local.
Saiba mais sobre essas espécies:
- Gato-do-mato-do-sul (Leopardus guttulus): Espécie enigmática, reconhecida como distinta há apenas 10 anos, em um estudo que destacou sua singularidade genética. Este pequeno felino é adaptado a florestas densas e tem papel essencial no controle de roedores e outras presas.
- Gato-maracajá (Leopardus wiedii): Ágil e arborícola, este felino é um excelente caçador, capaz de equilibrar populações de aves e pequenos mamíferos. Sua presença fortalece as cadeias alimentares em áreas florestais.
Por que trazer os pequenos felinos de volta?
A ausência desses predadores na Ilha de Santa Catarina resultou em desequilíbrios ecológicos, como a proliferação descontrolada de espécies exóticas e nativas. A reintrodução de pequenos felinos em médio e longo prazo pode:
- Controlar populações de saguis e roedores, prevenindo danos às florestas.
- Promover a saúde dos ecossistemas, equilibrando cadeias alimentares.
- Servir como modelo para outras iniciativas de conservação no Brasil.
Como estamos construindo essa iniciativa?
O projeto segue uma metodologia detalhada e participativa, dividida nas seguintes etapas:
- Análise do Habitat: Avaliação das áreas naturais da ilha para identificar as condições ideais para a reintrodução, incluindo disponibilidade de presas e ausência de ameaças diretas.
- Estudo de Viabilidade: Levantamento de dados sobre as espécies nativas e possíveis fontes de indivíduos no continente.
- Discussão com Especialistas: Consulta a biólogos, ecologistas e gestores ambientais para validar os critérios técnicos da reintrodução.
- Engajamento Comunitário: Sensibilização das comunidades locais para promover a coexistência pacífica com os pequenos felinos.
- Monitoramento Pós-Reintrodução: Acompanhamento dos indivíduos reintroduzidos para garantir sua adaptação ao ambiente e medir os impactos positivos no ecossistema.
Uma iniciativa que conecta ciência e sociedade
Além de restaurar o equilíbrio ecológico, o projeto busca engajar a sociedade em um modelo de conservação participativa, criando pontes entre ciência, comunidades e biodiversidade. Esse esforço é realizado com o apoio da Panthera através do Fundo de Ação para Pequenos Gatos.
Recentemente, o Instituto Fauna Brasil passou a integrar a Tiger Cats Conservation Initiative (TCCI), uma rede que reúne organizações e especialistas dedicados à conservação de pequenos felinos nas Américas. Esta parceria fortalece ainda mais nossas ações e amplia o alcance de nossos esforços em conservação.
Para saber mais sobre a TCCI, visite o site oficial: https://www.tigercatsconservation.com/.